
É a mesma porta que se abre às estâncias da casa da Marinha, permanentemente revisitada por Xavier Rodríguez Baixeras, quem na dupla entrega de O bosque sem saída elabora com exemplar valentia o dramático discurso do deterioro, a decadência, a derrota. A casa da Beira Norte e de Visitantes transpira hoje o “odor de cansaço e de fermento”. O aparelho simbólico que o poeta maneja com notável rigor indagatório desde os dias da sua estreia no ofício, lá nos anos setenta do passado século, retesa mais do que nunca nos poemas de O bosque sem saída o eixo do sentido e abre o rumo expansivo da polissemia para um discurso de reflexão substancial, um de cujos núcleos emocionais é a estoica –e mesmo gratificante- aceitação do cansaço existencial, uma sorte de elegante estado de ataraxia cultivado com consciência. “Cultivas o cansaço na fragrância/ do que foi”, confessa o poeta em declaração na frente do espelho. Esse mesmo espelho reflete a imagem dupla da memória ainda reconfortante e a da idade “vaga, invernal” do habitante do bosque sem saída. Xosé Mª Álvarez Cáccamo
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Editorial: LaioventoIdioma: Gallego