…Quando nos oferecêrom prologar este livro, assaltárom-nos sérias dúvidas. Nem a literatura é a nossa especialidade, nem a exibiçom de peripécias pessoais devesse ser matéria de interesse para ninguém. Mas o habitante da ilha animou-nos, dandonos
umha chave importante em forma de sentença sábia: ‘pertenço a umha terra. A umha constelaçom. Umha constelaçom é um clam.’ Isto levou-nos a ter muito presente que se conhecêmos por dentro a prisom, é porque a conhecêrom familiares nossas, porque a conhecêrom e conhecem companheiros e irmaos de luita; porque a conhecêrom, em tempos recuados, alguns dos nossos referentes políticos senlheiros, ou algumhas daquelas grandes cabeças que soubérom criar, teorizar e polemizar, com pouca luz e muito frio, desde aquele lado dos muros. Neste limiar vai um chisco da experiência de toda essa constelaçom, quiçá alheia ou distante para os mais, na realidade mais próxima do que podemos sospeitar. Com o debalar de todas as falsas promessas que nos vendeu a democracia de mercado, envoltas na miragem consumista, vai-se conformando
umha nova relaçom com a adversidade. Mais familiar e mais sábia, mais grave, mas nom necessariamente triste. ‘Protegemme as palavras’, diz o habitante da ilha. Na mochila de viagem para estes tempos incertos deveriam ir livros como este.
(Limiar ANTOM SANTOS)
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Editorial: Positivas 2022
Idioma: Galego