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NOENTE PARADISE. POEMAS E CANÇÕES

€20,00
ISBN WP3124
Quem busque um poemário encontrará se calhar um livro de canções. Se buscas canções tal vez te surpreendas lendo um poemário ou um manual de baile.  

Noente Paradise é um híbrido. Ugia Pedreira atirou ao público, desde antes dos remotos tempos de Chouteira, voz e olhadas, mesmo sinais. Agora atira-se ela sem mediação. Resgata as retóricas que arrouparam músicas eclécticas, marfulianas, nordestinas ou matraqueiras e acrescenta-lhes cantigas ainda não musicadas (leia-se poemas à percura de melodias). Ugia despe a palavra e partilha-se sobre o papel e detrás da câmara. Convida ao seu público e ao que não é seu nem público, a quem queira abrir os olhos e deixar-se invadir. O papel muda-se em mais um espaço directo que o próprio concerto. Sem espaço para a dúvida as frases falam a uma segunda pessoa que não é outra que tu, não há perda no grupo que segue a actuação, o eu dirige-se a ti desde a vogal U. Escutamos o rasgar de vestiduras e cortinados junto do marmúrio e o vento salgado. As facianas da autora são múltiplas, tem musicado espectáculos teatrais, dirigido centros de folque com nomes cambiantes (aCentral), gerido, produzido, ordeado, desenhado. Hoje tira fora uma outra necessidade em celulosa. Convite para o desordem, o caos, o movimento sem destino para chegar a algures e recolocar tudo ou descolocá-lo definitivamente. Uma viagem polos mares do norte desde a entranha. Noente está nas praias do interior, segundo se passa por Cuba e se volta, sempre, a Galiza, à repetição da quotidiania delirante. O paraíso está no vaivém contínuo da palavra ao som e do som ao texto. O material sonoro, cénico, sensual, visual, táctil pode ser irreverentemente impresso e ser com todas as suas formas. A víscera ascende pela gorja e alcança o teclado, atravessa de certo o termo esdrúxulo, e libera a entranha sem sentido por vontade própria. Diabo, mãe, mulheres valentes, pastores eléctricos e aspirantes a astronautas desconhecedores do seu destino saem ao passo para guiar neste paraíso, para que não nos percamos nos carreiros e podamos encontrar-nos (ou enfrontar-nos) nos mares. O artefacto livro desborda a sua função até a esaxeración. Oferecem-nos dançar a ritmo de dadá creacionista. A dureza conjuga-se com o agarimo. As vezes golpeia, a vezes estreita numa aperta sinceira. A leitura perde-nos entre o descontrolo e o autocontrolo, entre o sem-sentido e as verdades como rosários: Punk?s not dead! O antijogo sem regras aparentes prodiga despropósitos e imagens encontradas e impossíveis. Fecharemos portas e abriremos janelas e balcons para ler, escutar, olhar, apalpar?    

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